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Como o OUYA falhou em corresponder ao hype


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Foi lançado em lojas americanas, canadenses e inglesas nessa semana o OUYA, console baseado em Android que é um dos maiores sucessos do Kickstarter: ele arrecadou mais de 8,5 milhões de dólares ao longo da campanha.

A proposta é sedutora: ele é voltado para jogos indies, o que facilita também o desenvolvimento e a publicação de games novos. Com isso, já chegou às lojas com mais de 170 games disponíveis, todos gratuitos. E custa só 99 dólares, um alívio para os bolsos de todo mundo comparado ao Xbox One e ao PlayStation 4. Durante a campanha, as cotas de 95 dólares já davam ao backer a garantia de que receberia o console em casa meses antes de chegar às lojas. Três meses, mais especificamente, já que ele estava prometido para esse grupo para março.

Então, o OUYA finalmente chegou às grandes redes de games e eletrônicos: BestBuy, Gamespot, Target, Amazon (na última, está esgotado). Isso seria apenas o curso natural das coisas, se não fosse o inaceitável fato de que, até hoje, muitos dos que apoiaram o projeto no Kickstarter não receberam o console até agora.

Para ajudar, as reclamações quanto ao suporte só aumentam, especialmente em relação à falta (ou ausência) de comunicação. Um e-mail enviado para o suporte recebe a mensagem automática de que a resposta vai demorar entre dois e três dias úteis. Sinal de que a demanda está grande – o que também é um mau sinal.

Onde foi que o OUYA, que tinha tudo para ser o maior exemplo de que crowdfunding dá certo em proporções gigantescas, errou na mão?

Foram uma série de fatores que contribuíram para a derrocada do hype do OUYA. Todos validando ditados populares que nossas mães repetiram a vida toda e sempre insistimos em ignorar.

Um passo maior que a perna

A gente costuma achar que ter dinheiro resolve todos os problemas da vida, especialmente quando você é um desenvolvedor que tem uma ótima ideia e nenhum capital para colocá-la em prática.

Quando há investidores, significa que há pessoas esperando resultados. E, no caso de crowdfunding, quanto mais dinheiro, mais gente esperando resultados. Aumenta a expectativa, a cobrança e, dependendo do caso, a demanda – já que, além de apoiar financeiramente uma ideia na qual você acredita, normalmente as cotas mais procuradas são as que darão aos backers o produto final.

Acontece que uma empresa pequena tem a capacidade de produzir uma quantidade limitada de produtos. No final da campanha do Kickstarter, o OUYA já tinha quase 60 mil unidades comprometidas, além das destinadas às lojas físicas.

Então, há uma “superlotação” de pedidos e a empresa não dá conta de todos, seja na fabricação (há vários relatos de consoles entregues com defeito) ou no transporte. Os clientes ficam insatisfeitos e reclamam no suporte, que fica sobrecarregado  e não consegue responder ninguém, seja a respeito de data de envio, de reembolso ou problemas técnicos. A coisa toda vira uma bola de neve de problemas que nem se sabe por onde começar a resolver.

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A voz do povo é a voz de Deus

É um longo caminho de Hong Kong até qualquer lugar do mundo (ironicamente, inclusive a própria Hong Kong; li um tuíte para a empresa em que um homem reclamava de ainda não ter recebido seu OUYA… e ele mora lá), mas alguns backers conseguiram receber seus consoles antes do lançamento. Foi quando começaram a surgir os primeiros reviews na internet.

E eles não foram nem um pouco animadores.

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O The Verge deu nota 3,5 para o console e o considerou inacabado; o Engadget, que testou a versão de desenvolvedor, concordou e acrescentou que o OUYA precisava de muitas melhorias antes de ser lançado nas lojas; o Digital Foundry se perguntou “ por que gastar 99 dólares em outro aparelho quando você pode ter o mesmo resultado no seu celular?”. A resposta da CEO Julie Uhrman foi, basicamente, a que todo...

mundo já esperava (e, inclusive, apontou nos reviews): as primeiras versões ainda estavam sendo aprimoradas antes do lançamento oficial.

Isso sem contar nos comentários soltos pela web de pessoas que receberam o console e relataram problemas para conectar ao Wi-Fi, controles que não funcionavam, etc.

O sucesso do OUYA foi, nesse ponto, também uma causa de sua derrocada. Afinal, todo mundo estava esperando para saber como era o tal console indie, então os reviews foram recebidos não como as avaliações de um produto em fase beta, mas como a versão final, de consumidor, seria.

Além disso, a gente sabe como as pessoas podem ser cruéis na internet.

O OUYA passou de um console indie que estava buscando uma direção com ajuda de seus apoiadores para uma bela dor de cabeça e motivo de piada.

Cão que ladra não morde, mas dê tempo ao tempo

O OUYA foi apresentado como um console revolucionário, não em hardware, mas em tudo o resto. Apesar das configurações simples, ele tinha (ou melhor, tem) a proposta de levar os jogos indies para a sala de estar, para concorrer com tempo na TV com os consoles de grandes fabricantes (vocês sabem quais).

O console se apoiou no alto preço dos outros consoles e seus jogos para cativar os gamers. São apenas 100 dólares e uma infinidade de jogos gratuitos, além da facilidade de desenvolver para a plataforma – ou seja, novos games o tempo todo por apenas 100 dólares iniciais.

Ainda não deu tempo para surgirem jogos exclusivos para o OUYA e, por enquanto, ele se apoia nos existentes para Android para viver.

Não é o bastante. E é difícil deixar de ser cético e acreditar que, algum dia, será. A impressão que fica é que será apenas um console baratinho para jogar os games do smartphone na televisão, que vai ter graça só enquanto for brinquedo novo.

Mas a verdade é que não deu tempo nem dos financiadores receberem seus consoles e eles ainda receberão atualizações que, esperamos, mostrem o que o OUYA veio fazer em casa. O que também revela que, de fato, o console foi lançado inacabado – muito inacabado. Isso, somado à frustração de não ter recebido a encomenda no tempo prometido, a um suporte pouco eficiente e ao balde de água fria nas expectativas de como ele é na prática, faz com que o hype do OUYA esteja terminando antes mesmo do pacote sair de Hong Kong.

Como o OUYA falhou em corresponder ao hype

    


Fonte:Tecnoblog

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